27 de abr. de 2011

A ARTE DE MIJAR - Crônica

Dizem que mijar não é uma arte.  Eu discordo. Há muito mais gente arteira do que se imagina. Muitos mijam no banheiro. Já os arteiros mijam em qualquer lugar. Por exemplo: na rua, no jardim, no muro da escola, na praia, na piscina, na pia, esta última normalmente entre homens pois fica difícil para as mulheres em razão da altura da pia, mas...


Há quem escreva o próprio nome com o mijo. Conheço uma história, tão poética, de um sujeito que escreveu o nome da namorada no muro da casa dela. Há controvérsias. Dizem que a caligrafia era dela. Não vamos falar em mijar na cama, pois, normalmente, é involuntário.

É curiosa a maneira das pessoas de referirem ao ato. Os homens dizem mijar ou urinar ou, ainda, tirar água do joelho. As mulheres, fazer xixi. As mães se dirigindo às crianças: fazer pipi. Eu particularmente gosto da maneira do meu neto se referir ao ato: “vovô preciso fazer o número 1”.

Voltando a falar em mijar na rua, vi muito disso em Paris. Agora estou em Madrid que não deixa nada a desejar.

É simples, você abre a braguilha, pode ser com a mão esquerda. Com a direita você pega o instrumento e põe ele pra fora e mija na direção que o nariz está apontando. Pequenos desvios são aceitáveis. O cantinho de uma parede é local bem concorrido. Pode ser também numa ladeira. Com isso fica uma marca do xixi escorrendo pelo chão. Depois vem outro e as marcas se cruzam. Um espetáculo. Quando a gente passa a sola do sapato gruda naquela meleca fazendo aquele barulhinho característico, chilepe, chilepe, chilepe (essa palavra onomatopaica existe?). E tem aquele cheirinho nada sutil que é uma merda (seria isso pleonasmo?).

A grande vantagem de se mijar na rua é que a gente não precisa ter boa pontaria. No banheiro, por exemplo, a gente tem que acertar o vaso. Parece fácil, mas o que tem de gente que mija fora da privada. Podem não acreditar mas já vi esse assunto sendo tratado em seminário de boas maneiras de empresa multinacional.






As técnicas são variadas. Na rua, por exemplo, há quem dê uma olhadinha de lado pra ver se tem alguém olhando. Outros mijam direto para não chamar a atenção. Na piscina é assim: você entra na água, dá uma agachadinha do tipo “só to me molhando”, em seguida você se concentra e solta o xixi (tanto homem quanto mulher).

Vocês acham que eu to brincando? Nada disso. Xixi é coisa muito séria. No campo da saúde por exemplo, a urinoterapia busca a harmonia do corpo e da mente através da ingestão de urina. Deixo o link pra voces conferirem:


Pensando alto, que tal: mijo on the rocks, com limão, caipirinha de mijo ou o mais natural: mijo quentinho.

Agora sem brincadeira, falando do ponto de vista cientifico, o melhor é o primeiro jato da manhã que vem carregado de hormônios benéficos para o organismo e para o cérebro. Para o organismo eu não garanto mas para o cérebro tenho certeza pois, se beber, você jamais esquecerá.

Andei pesquisando, dizem também que faz muito bem para a pele. Bom, minha pele tá ótima e eu não to precisando de tratamento (entenderam?).



No campo desportivo por que não uma campanha para colocar o mijo a distância como modalidade olímpica? Ou então um movimento para inclusão no livro dos recordes, o guinness, da praça mais bem mijada do mundo. Eu já tenho uma forte candidata. A praça em frente ao Estádio Santiago Bernabeu, em Madri. Isso mesmo, aquele onde joga o Real Madrid (dá pra acreditar?).

Eu não vi, mas presumo que seja assim: O cara toma umas (cerveja dá bom mijo). Pega o metro e vai pro estádio. Antes de entrar ele dá aquela aliviada. Que prazer... No fim, faz aquela cara de já acabei. Da uma chacoalhada, pequena, e repõe o instrumento dentro da calça com ele ainda respingando (normalmente sem fechar o zíper). Assim, sem perceber e desinteressadamente, ele contribui para transformar o local na praça mais fedida e mijada da Europa. Há também os que mijam na rua para se auto-afirmarem (não sei no que). Mas não vamos entrar nessa área para não estendermos a nossa crônica.

Bom, pra terminar, a melhor regrinha é a seguinte: Mijar no vaso. Se não tiver boa pontaria, sentar nele. Depois, dar descarga e deixar o local limpinho para o próximo usuário.

Walter Tamiozzo
Madrid, 27 04 2011

22 de abr. de 2011

DOM WALTER DE LA MANCHA - Crônica


Dom Walter de La Mancha e sua inseparável companheira, Consancha (Conceição), viajaram por mares nunca dantes navegados para chegarem a El Toboso, pátria de Dulcinéia e terra de seus famosos ancestrais: do cavaleiro da triste figura, Dom Quixote e de seu fiel escudeiro, Sancho Pança.



Leitor:
 - Mas, senhor Dom Walter, em El Toboso não hay mar.
- Ora, claro que há, olha a foto ai embaixo.  Leitor, por favor, não interrompa a narrativa.


- Ah bom...

No caminho enfrentaram batalhões de poderosas formigas assassinas e de alienígenas, os arboranos, vindos para invadir e dominar a terra, disfarçados em árvores gigantes.

Leitor:

- Mas isso são arburtos Dom Walter.

- Como queira, mas são os arboranos disfarçados. Após dura batalha, expulsei-os da terra de volta à sua galáxia.


Bem, deixando a ficção e voltando à realidade, esta última parecerá menos real do que a primeira.

El Toboso é um povoado manchego, de 2.000 habitantes, localizado na província de Toledo, a 140 km de Madrid. Ele contém uma carga imensa de evocação quixotesca. Tudo em El Toboso recorda a Dulcinéia e a Alonso Quijano, o fidalgo que assombrou o mundo com seu idealismo.

Dulcinéia del Toboso é a dama imortalizada por Miguel de Cervantes como musa de Dom Quixote.



El Toboso - Cidade Fantasma


Rocimóvel

Chegamos a El Toboso num sábado, logo depois do meio dia.  A praça central estava deserta.  Cortamos a cidade de Rosimóvel e parecia que estávamos num daqueles filmes “Além da Imaginação”, viva alma.  De repente vimos uma velhinha caminhando curvada e com uma bengala. Ficamos com medo de perguntar alguma coisa, pois temíamos nos aproximar de um ente que, às tantas, não fazia mais parte desse mundo. Respirei fundo, me enchi de coragem e me dirigi à senhora.

- Hola, buenas tardes... E recuei um pouco.

A senhora, surpresa, me olha bem, processa a pergunta, levanta a cabeça e me responde:
- Hola, buenas...

Então lhe pergunto:
- De donde está todo mundo? A cidade parece vazia. 

- Ah si, então todos no casamento da filha do prefeito, ela responde.

- Ah bom. Bem estamos com fome. Sabe onde poderíamos encontrar um restaurante por aqui.

- Está tudo cerrado. 

- Gracias, até logo.

Saímos desapontados, mas aliviados, afinal aquilo não era um pesadelo.  E partimos à procura de algum lugar aberto. 
 
Tudo, tudo absolutamente cerrado.  Finalmente começamos a ouvir vozes e fomos nos aproximando.  Pimba! Encontramos o local da festa do casamento. Um restaurante enorme. As senhoras todas vestindo aquelas roupas... de casamento, entendem. Os senhores e os rapazes de paletó e gravata e alguns até de fraque.

Aproximamo-nos, chegamos à porta e fomos entrando, nos misturando com o pessoal. Ainda tinha gente chegando, mas alguns já estavam saindo. Parecia que ia dar tudo certo. Nessa hora pensei: terra estrangeira, vilarejo onde todo mundo se conhece, me sentindo um pouco como um ET, é melhor procurar o “chefe” do restaurante e lhe explicar a situação.  Ele muito simpático:

- Fiquem tranquilos, lhes arrumo una mesita.

Assim, timidamente, participamos da festa.

Aliviados com a impressão de cidade fantasma e com a pança cheia, voltamos ao centro da praça que, aos poucos, foi ganhando vida.

Após um “rato”, que em espanhol é um momento, procuramos o Museu Cervantino, uma das principais atrações da cidade.  Lá estão expostas edições de Dom Quixote em 47 idiomas. Algumas edições são raras e exclusivas. Entre elas uma edição com caracteres celtas, outra escrita em euskera, algumas manuscritas e, ainda, exemplares assinados e doados por personalidades como Mussolini, Hitler, Kadafi, Peron, Reagan etc.

Chegando à bilheria, yo, com mi espanhol fabuloso, vou logo pedindo:
- 2 taquillas (tickets), por favor.
A bilheteira, muito simpática,

- Ah si, buenos dias, como no! De donde son ustedes?

- Bom dia senhora, somos brasilenhos.

Ela continua:
- Isso é para fins de estatística, muchas gracias. Aproveitem a visita. Hasta luego.

- Hasta luego, respondo.
Fomos então até a entrada do museu e vem a mesma senhora:

- Buenos dias...

- Buenos dias, respondo e lhe entrego as taquillas.

- Aproveitem a visita.

- Gracias, digo yo.

Em seguida, estamos lá, concentrados, observando as obras e chega uma senhora, a mesma, e começa a nos explicar a coleção. Ela, além de bilheteira e porteira, era a guia do museu.

Claro, ela foi muito amável e nós nos divertimos muito com suas histórias, que incluía a origem de algumas obras, de como algumas edições foram ilustradas por artistas do quilate de Salvador Dali e Gustave Doré etc.

Nossa história nessa pequena cidade não termina aqui, pois, ao sair do museu, fomos até a igreja do povoado, de San Antonio Abad, construída no início do século XVI. Para nós foi emocionante, pois que a igreja foi citada por Miguel de Cervantes em 1615 quando disse «Guió Don Quijote, y habiendo andado doscientos pasos, dio con el bulto que hacía la sombra, y vio una gran torre, y luego conoció que el tal edificio no era alcázar, sino la iglesia principal del pueblo. Y dijo: Con la iglesia hemos dado, Sancho».

A igreja chama atenção por sua estrutura de pedras rosadas que, contrastando com o azul do céu, dá uma fotografia incrível. Lá chegando encontramos uma multidão: três senhoras antes de nós que compravam ingressos. A bilheteira lhes entrega os tickets e fecha a janelinha do guichê.  Sem hesitar bato na janela e a senhora toda apavorada e sem jeito, reabre e nos diz:

- Nossa, não esperava tanta gente hoje, me desculpem. 

Compramos os ingressos e visitamos a igreja. Linda. Ao sairmos a senhorinha nos esperava  à porta. Ela nos deu um mapa da cidade e algumas informações. Depois  de uma pequena conversa nos despedimos e ela, muito carina, nos deu um beso. Nós, felizes, lhe dissemos que nunca a esqueceríamos, Alicia.



Walter Tamiozzo
El Toboso, Espanha, 20 04 2011





18 de abr. de 2011

BONJOUR MON AMOUR - PARIS - Clipe

Um passeio pela cidade de Paris, não faltando um toque de humor. Quem já conhece terá a chance de rever alguns sites. Quem não conhece... veja o vídeo e prepare as malas.

14 de abr. de 2011

GORKA FRAILE - Tenista Espanhol - Entrevista

Em Madrid o BLOGDOWALTER entrevistou o tenista espanhol GORKA FRAILE ETXEBERRIA que nos contou algumas de suas histórias, entre elas a de sua partida mais memorável, no Masters Series de Madrid e de sua vitória sobre o nosso GUGA, no Challenger de Florianópolis.


11 de abr. de 2011

LAS TORADAS DE MADRID - Crônica

Para tim bum bum.
Bum, para tim bum bum.
“Eu fui às touradas em Madrid...” Quem não conhece? João de Barro, o Braguinha!
 
Deixo o link abaixo pra quem quiser matar saudades. Vai lá, mas volta, ok?

Ou, então, deixa pra ir lá no final. Lá também deixo um link.



Continuando...


Dizem que ir a Madrid sem ver uma tourada é o mesmo que ir a Roma sem ver o Papa.  Bom, eu fui a Roma, não vi o papa e, francamente, não senti falta alguma.  Talvez essa minha falta de apego à religião.  Mas a minha mulher não pode dizer a mesma coisa.  Ainda bem que somos todos diferentes.

Voltando às touradas...  Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. Não sei se concordo com isso, mas no caso das touradas isso é verdadeiro.

Tem aquele clima de festa total, as famílias, os casais, os grupos chegando. Isso tudo combinado com o céu de Madrid que, como vocês sabem, tem aquele azul incrível e uma luz intensa. 



É festiva a apresentação dos toureiros, dos cavalos e cavaleiros (todos, incluindo os cavalos) vestidos (ou adornados) a caráter, desfilando ao som da banda com seus tambores e trompetes seguido pelos aplausos e gritos da platéia. Quando o touro entra na arena é de arrepiar.  São touros jovens e vigorosos.  Eles desfilam bufando raivosos na arena, desconfiados é claro mas, sobretudo, destemidos.

O que se segue, francamente...   É cruel e chocante. Choque de culturas?  Acho que não. Muito mais do que isso. É um jogo desigual e, eu diria, chato, pois o resultado é sempre previsível. Se a gente for apostar, eu coloco as minhas fichas no toureiro. O touro sempre perde. Quando vence, por acidente, vira notícia no mundo inteiro.  Não se pode dizer que é um espetáculo primitivo, pois os requintes de tortura...

As cenas são de puro terror. As lanças entrando pelo couro do animal que passa a jorrar sangue como se fosse uma fonte. O seu dorso vira uma cachoeira. Mas ele não se inibe e luta até não ter mais forças. 
Há quem não agüente.  Vi gente sendo socorrida e levada às pressas para fora da plaza.  Era o calor que estava muito forte...

Confesso que não deu pra ficar muito tempo. Saímos depois do primeiro touro ser abatido com os requintes já mencionados.

Ah sim, não faltaram as gozações.  O toureiro, me pareceu, não soube manejar bem a sua capa e muita  gente gritou “volta pra escola...” Nesse clima a banda voltava a tocar para diminuir o vexame.

Outra coisa curiosa. Quando eu achava que o toureiro tinha feito uma manobra de efeito e eu até ensaiava um olé, ninguém dava importância. Depois o toureiro fazia uma manobra que me parecia medíocre e todo mundo gritava OLÉ ....

Link do video Touradas de Madrid


Walter Tamiozzo
Madrid, 2011

10 de abr. de 2011

CAMINANDO POR LAS CALLES - Crônica

Caminhava pelas ruas de Madrid. Assim, meio sem rumo, só para me distrair.
Entonces, encontro uma velha conhecida. Ela vem em minha direção e me dá um sorriso.
- Nossa, há quanto tempo!
- É verdade.
- O que você faz em Madrid?
- Estou passeando. E você?
- Lo mismo.

Ela me abraça e diz no meio da rua:


- Você parece que não envelhece... Bla, bla, bla... (vocês sabem como são esses papos).
Então ela diz:
- Você não imagina a coincidência! Ontem sonhei com você.
- Então foi um pesadelo, respondo.
Ela:
- Não foi. Sonhei que você estava na minha cama.
Eu:
- O que?
Ela:
- Não! Não! Fique tranqüilo! Não foi nada erótico. Éramos apenas bons amigos.
Eu:
- Sei!
Ela:
- Então sua mulher entra no quarto com uma bandeja de café.
Eu:
- O que? E o que ela disse? O que você falou?
- Não sei. Nessa hora eu acordei, ela respondeu.
Essa história não rendeu um divórcio, pois nessa hora eu também acordei.

Foi só um sonho minha gente.


Walter Tamiozzo
Madrid, 2011

9 de abr. de 2011

MADRID - Crônica

Há várias formas de se chegar a Madrid. De avião, de trem, de carro, a pé. Tá rindo do que? Muita gente prefere viajar caminhando. São os andarilhos. Eu particularmente não conheço nenhum. Eu prefiro viajar de carro. Dá mais mobilidade. Se o lugar que visitamos não está bom, é fácil zarpar para um outro sítio.
 

Se viajar a pé não é a melhor forma de se chegar a Madrid, essa é, certamente, a melhor maneira de se conhecer a cidade, rica de sites históricos, de museus, de bares, restaurantes etc. 

A cidade é frenética. Parece nunca dormir. A qualquer hora do dia ou da noite há gente passeando por suas calles. Casais, famílias, crianças. É incrível. Seus bares, com seus famosos tapas, estão sempre cheios. Em muitos deles come-se em pé e se discute bastante. Grupos, famílias, uma festa.

Um dos meus prazeres favoritos é caminhar pelo museu vivo que são as ruas de Madrid com sua gente, as senhorinhas elegantes com seus trajes de missa, os artistas de rua, os pedintes, as prostitutas etc. Quanto às compras, sempre me lembro de esquecer a carteira em casa.

Para se hospedar em Madrid há muitas possibilidades. A que prefiro e indico é alugar um apartamento no centro da cidade. A principal vantagem é o preço. Pelo preço de uma semana num hotel pode-se ficar até três num apartamento. Isso, sem contar as facilidades de se ter uma cozinha e poder preparar parte das refeições em casa.
Há alguns sites de locação de imóveis. O que eu utilizo é o

http://www.rentalia.com.

Há um número enorme de ofertas, com descrição e fotos dos apartamentos.



DICAS DO QUE FAZER EM MADRID

Os principais guias de turismo trazem as opções em termos de turismo em Madrid. Museo Nacional Del Prado, Puerta Del Sol, Praza Mayor, Parque de El Retiro etc. Eu deixo 5 dicas:


Guía del Ocio (publicação semanal)
Comprar em qualquer banca de jornal. Ele traz a programação cultural da cidade.

Mercado San Miguel, na praça de mesmo nome, pertinho da Plaza Mayor.



A arquitetura do prédio já é um regalo. A atmosfera interna do mercado é mágica, com suas tiendas, suas especiarias, seus frutos do mar e a possibilidade de se comer alguns tapas e cozitas más, cercado de muita gente. A confusão é geral. Eu mesmo, no entusiasmo, tomei a taça de vinho do meu vizinho de balcão. Quando nos demos conta, rimos muito e começamos una buena charla.


Museo Del Jamon
Há várias lojas espalhadas pela cidade. O presunto, o presunto... Um problema. Muitos comem no balcão. Eu pedi pra viagem. É um delírio acompanhar o atendente pegar a peça escolhida que está dependurada, colocá-la sobre o aparador e ir tirando fatias com sua faca especial... Que água na boca.

La Capilla de la Bolsa - C/De La Bolsa, 12




Jantar ao som de operetas, ao sabor da cozinha espanhola, num ambiente ambíguo que já foi Igreja associada à ordem dos templários, discoteca e não se sabe mais o que. Se for pela comida, o preço é salgado, mas a ópera é de graça. Se for pela ópera, o concerto é caro, mas a comida é free.

Descobrir a cidade por si só

Não será um desafio muito grande, já que a cidade tem muito a oferecer. Mas será um privilégio poder encontrar novos endereços que certamente não serão só seus.

Walter Tamiozzo
Madrid, 2011

LLEIDA CATALUNHA - Crônica

Ontem nos despedimos de Megeve, França, e partimos em direção a Madrid. 1.400 quilômetros de estradas e decidimos fazer um pit stop em Lleida, Catalunha, logo após a fronteira. No caminho algumas usinas nucleares.

Dizem que os vapores que saem das torres de resfriamento não são radioativos, mas dão arrepios só de olhar (ou não dão?). Na França 80% da energia elétrica é de origem nuclear.



Chegamos a Lleida à noitinha e mal nos instalamos no hotel e já partimos para um rápido tour pela ciudad e escolhemos um pequeno restaurante especializado em caracoles (escargots) para uma jantinha básica. Ali os preços são muito razoáveis. Gastamos pouco e comemos bem. Claro que regado a um bom vino espanhol, ou seria catalão? (sic).

O mais complicado para nós era pronunciar o nome da cidade, com dois “eles”. Assim, com muito jeito, perguntamos a nossa garçonete como pronunciar o nome da cidade, em espanhol e em catalão. Ela nos disse com certo ar de tristeza: “Em espanhol, não se usa mais, mas seria Lérida” e com muito orgulho, ”mas em catalão era Reí-da”.


Walter Tamiozzo
LLeida (Lerida) - Espanha

SONHANDO COM A MORTE - Crônica

... Lá fizemos amor...

Naquela noite fomos cedo para cama. O dia havia sido cansativo. Há semanas eu estava trabalhando num projeto na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, distante uns 700 quilômetros de minha casa.
Nos fins de semana eu voltava para São Paulo para um breve descanso. Este fim de semana, porém, seria diferente. Em vez de voltar, ela viajaria para Itapema, a 20 quilômetros de Itajaí, onde passaríamos o fim de semana.

Lá havia um lindo hotel junto ao mar, com praia privativa, campo de golfe, piscinas com água salgada etc.

Ela viajara durante o dia e à tardinha, após o trabalho, nos encontramos no hotel. Naquela época o trajeto aéreo São Paulo-Itajaí era feito principalmente por Vockers 50. Apesar de pequena, os passageiros gostavam da aeronave que diziam ser muito segura.

Instalamo-nos na parte antiga do hotel, num amplo apartamento no andar térreo, cujo corredor dava acesso à praia.

Ainda era dia e saímos para uma volta pelo hotel. Fomos ao campo de golfe, visitamos os jardins e depois fomos dar um passeio pela praia que estava completamente deserta.

Esta praia é muito bonita e aconchegante. Na verdade ela é o fim de um despenhadeiro com muitas rochas esparramadas pela areia formando alguns corredores que mais parecem labirintos.

Com a subida da maré e com a batida das ondas esses corredores eram inundados pelas águas cálidas do Atlântico, formando espumas borbulhantes que imediatamente sumiam, parecendo serem engolidas pela areia fofa quando do retorno das ondas. Lá, fizemos amor.

Após a caminhada jantamos no restaurante do hotel que se achava bastante vazio eis que a maioria dos hospedes ainda não havia chegado para o fim de semana.

A maior parte deles chegava em ônibus fretado. Não sei exatamente de onde. Assim, aos poucos, o hotel foi ganhando vida.

Após o jantar fomos para o nosso apartamento e nos deitamos na mesma cama. Após um pequeno cochilo acordei e liguei a TV. Ela dormia ao meu lado.

Não demorou muito e voltei a pegar no sono.

Naquela noite tive um estranho pesadelo. Sonhei que a senhora morte veio me buscar. Ela andava silenciosamente em minha direção vestindo uma túnica escura esvoaçante e eu não podia ver o seu rosto.


Quando ela se debruçara sobre mim eu dei um enorme berro no meio da noite: "NAA..AA..OOOOO!" Ao mesmo tempo, deitado, dei um chute naquela sombra, acordando com o meu próprio grito. Era minha esposa voltava pra cama após desligar a TV. Para não me incomodar, ela enrolada no cobertor, voltava silenciosamente e no escuro para a cama e curvara o seu corpo para voltar a deitar-se ao meu lado.




O chute não a acertara, mas ela e eu quase morremos de susto. Metade dos hóspedes acordaram no meio da noite com o meu berro imaginando ...



F I M





Walter Tamiozzo



















MUSICAL SUN - RESENHA DO CD - Imprensa


Resenha da Revista Musical Sun, do CD Follow Your Heart, da Banda Quinta Blues, com as músicas assinadas por Walter Tamiozzo.

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